quarta-feira, 13 de abril de 2011

"O Pequeno Príncipe" (trecho adaptado)





Bom dia - disse a raposa

-Bom dia- Respondeu educadamente o pequeno prín­cipe, que, olhando a sua volta nada viu...

-Que es tu? -Perguntou o principezinho -Tu és tão bonita...

-Vem brincar comigo - Propós ele-  Estou tão triste

- Eu não posso brincar contigo. - Disse a raposa - Não me cativaram ainda!

- Ah, desculpa. - Disse o principezinho. Mas após refletir, acrescentou.

- Que quer dizer "cativar"?

-Tu não és daqui - Disse a raposa - Que procuras?

- Procuro os homens - disse o principezinho - Que quer disser "cativar"?

A raposa pergunta se ele procura os homens maus, que valorizam coisas banais e tem uma ganância que destrói  todos os bons sentimentos, os homens sem escrúpulos e sem amor.

-Não! - Diz o pequeno prí­ncipe - Eu procuro amigos - Mas, o que quer disser "cativar "?

- É algo quase sempre esquecido - Disse a raposa - Significa, Criar laços ...

- Criar laços?

- Exatamente - Disse a raposa - Tu não és ainda nada para mim senão um garoto inteiramente igual aos outros 100 mil garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não necessitas de mim. Não passo aos teus olhos de uma raposa como outras 100 mil raposas. Mas se tu me cativares, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Se tu me cativar - Continuou a raposa - Minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho dos seus passos que serão diferentes dos outros. Outros passos me fazem temer e me esconder debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como música. E depois olha! Vês, lá longe a grama? Eu não como grama, e ela para mim não tem nenhum valor. A grama não me lembra coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens olhos verdes. E então será maravilhoso quando me tiveres cativado. A grama já não  me será indiferente, pois tu tens olhos verdes e isso fará com que sempre lembre de ti. E eu amarei sentir a grama balançar com o vento...

A raposa calou-se e o observou por algum tempo.

-Por favor...Cativa-me - Disse ela.

- Eu até gostaria  - Disse o principezinho -  Mas não tenho muito tempo - Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente so conhece bem as coisas que cativou - Disse a raposa...os homens compram tudo que querem, nas lojas, mas como não existem lojas de amigos, os homens não tem amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- O que preciso fazer?- perguntou o pequeno príncipe.

-É preciso ser paciente - Respondeu a raposa.

Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, eu te olharei com canto de olho e tu não deves dizer   nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia te sentarás um pouco mais perto...

Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah, eu vou chorar

- A culpa é toda minha - Disse o principezinho - Eu não queria te fazer mal; mas tu quisesste que eu te cativaste...

- Quis - Disse a raposa

- Mas tu vais chorar- Disse ele.

- Vou - Disse a raposa

- Então não terás ganho nada!

- Terei sim - Disse a raposa - Por causa da cor da grama.

-Tu vais entender como as coisas serão únicas - Tu voltarás para me disser adeus?  Sei que não, mas preciso te presentear com algo...
Depois de um tempo o pequeno príncipe voltou para dizer adeus...
E a raposa lhe disse: - Não se vê bem sem o coração. O essencial não é visivél aos olhos!
Foi o tempo que passei contigo que te fez importante. Os homens vem esquecendo dessa verdade.
Lembre-se: Somos todos inteiramente responsáveis pelo que cativamos.

Obra original - O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry -  capítulo XXI - 66 a 74. 

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